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Evangelho De João

Uma Verdadeira História



Cristo, a Palavra eterna

1No princípio era a Palavra e a Palavra estava com Deus e a Palavra era Deus. 2Aquele que é a Palavra sempre esteve com Deus. 3Criou tudo o que existe e nada existe que não tenha sido feito por ele. 4Nele está a vida eterna e essa vida dá luz a toda a humanidade. 5A sua vida é a luz que brilha nas trevas e estas nunca poderão pôr fim a essa luz. 6Apareceu um homem, enviado por Deus, chamado João. 7Este homem veio como testemunha, para testemunhar da luz, a fim de que todos cressem através dele. 8João não era a luz, mas apenas uma testemunha para que essa luz pudesse ser conhecida. 9Mais tarde, veio aquele que é a verdadeira luz para brilhar sobre todo o ser humano. 10Esteve neste mundo, que foi criado por ele, mas não o conheceram. 11Veio para o seu povo e os seus não o receberam. 12Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus. Bastava confiarem nele como Salvador. 13Esses nascem de novo, não no corpo nem de geração humana, mas pela vontade de Deus. 14A Palavra tornou-se homem e viveu aqui na Terra entre nós, cheio de amor e perdão, cheio de verdade. E vimos a sua glória, a glória do Filho único do Pai. 15João deu testemunho dele clamando à multidão: “Eis aquele de quem eu falava quando disse: ‘Esse que vem depois de mim é muito maior do que eu, porque existia antes de mim.’ ” 16Todos nós recebemos da abundância dos seus bens e a sua graça contínua. 17A Lei foi-nos dada por Moisés, mas a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo. 18Nunca ninguém viu a Deus, mas o seu Filho único, que vive na intimidade do Pai, esse o revelou.




Jesus no templo

13Veio a festa da Páscoa judaica e Jesus foi a Jerusalém. 14No templo, encontrou os negociantes que vendiam gado, ovelhas e rolas para os sacrifícios, e outros que trocavam dinheiro sentados atrás de bancas. 15Com cordas, Jesus fez um chicote e expulsou-os do templo, assim como os bois e ovelhas, espalhou o dinheiro dos cambistas e derrubou-lhes as mesas. 16Dirigindo-se aos vendedores de rolas, ordenou: “Tirem isto daqui! Não façam da casa de meu Pai uma feira!” 17Os discípulos lembraram-se então disto que as Escrituras diziam: “Arde em mim um grande zelo pela tua casa.” 18“Que sinal tens para nos mostrar que podes fazer isto?” 19“Está bem! Este será o sinal que vos darei: destruam este templo que em três dias o porei novamente de pé!” 20“O quê!”, exclamaram. “O templo levou quarenta e seis anos a construir e tu poderás refazê-lo em três dias?” 21Mas o templo de que ele falava era o seu corpo. 22Depois de ter ressuscitado, os discípulos lembraram-se destas palavras e creram nas Escrituras e na declaração de Jesus a respeito a si próprio. 23Por causa dos sinais que fez em Jerusalém, durante a festa da Páscoa, muitas pessoas creram nele. 24Jesus, porém, não confiava nelas, pois conhecia bem as pessoas. 25Não era preciso ninguém dizer-lhe como é a natureza humana nem o que está dentro dela.



Jesus ensina Nicodemos

1Havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, um líder dos judeus. 2Este foi ter com Jesus de noite e disse-lhe: “Mestre, todos sabemos que Deus te enviou para nos ensinares e bastam os teus sinais para o provar.” 3Jesus retorquiu: “É realmente como te digo: quem não nascer de novo não pode ver o reino de Deus.” 4“Que queres dizer com isso?”, perguntou Nicodemos. “Como pode uma pessoa voltar para o ventre da sua mãe e nascer outra vez?” 5Jesus respondeu: “É realmente como te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. 6Os homens só conseguem reproduzir vida humana, mas o Espírito Santo dá vida espiritual. 7Por isso, não te admires de te ter dito que precisas nascer de novo. 8Assim como ouves o vento, mas não sabes donde vem nem para onde vai, assim se passa com aquele que é nascido do Espírito.” 9“Como é que isso pode ser?”, perguntou Nicodemos. 10Jesus respondeu: “Então tu, um respeitado mestre de Israel, não compreendes estas coisas? 11Estou a dizer-te aquilo que sei e vi e, contudo, não queres acreditar. 12Se não acreditas em mim, quando te falo destas coisas que acontecem aqui entre os homens, como poderás crer se te falar de coisas celestiais? 13Pois só eu, o Filho do Homem, desci à Terra e voltarei novamente para o céu. 14Assim como Moisés ergueu no deserto a figura de uma serpente, assim também eu irei ser levantado, 15para que todo aquele que crer em mim tenha a vida eterna. 16Deus amou tanto o mundo que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crê não se perca, mas tenha a vida eterna. 17Deus não mandou o seu Filho para condenar o mundo, mas para o salvar. 18Para os que confiam nele como Salvador não há condenação eterna. Mas os que não confiam nele já estão julgados e condenados, por não crerem no Filho único de Deus. 19E são condenados por a luz do céu ter vindo ao mundo, mas preferirem as trevas à luz, pois só fazem o mal. 20Eles odeiam a luz celestial porque querem pecar nas trevas. Afastam-se da luz com medo dos seus pecados serem postos às claras e sofrerem castigo. 21Mas aqueles que vivem conforme a verdade procuram a luz para que todos vejam que estão a fazer o que Deus deseja.”



Jesus conversa com a mulher samaritana

1Os fariseus ouviram dizer que Jesus estava a batizar e a fazer mais discípulos que João. 2Embora, de facto, não era Jesus quem batizava, mas os seus discípulos. 3Quando o Senhor constatou isso, deixou a Judeia e voltou para a província da Galileia. 4Para isso, tinha de atravessar a Samaria. 5-6Cerca do meio-dia, ao aproximar-se da localidade de Sicar, chegou ao poço de Jacob, no terreno que este dera a seu filho José. Cansado da longa caminhada, Jesus sentou-se junto ao poço. 7Apareceu uma samaritana para tirar água e Jesus pediu-lhe: “Dá-me de beber.” 8Os discípulos tinham ido à aldeia comprar comida. 9A mulher estava admirada, pois os judeus não convivem com os samaritanos, e disse-lhe: “Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim que sou samaritana?” 10Jesus respondeu: “Se ao menos compreendesses o dom maravilhoso que Deus tem para ti e quem eu sou, serias tu a pedir-me que te desse água viva!” 11“Mas tu não tens com que a tirar!”, tornou ela. “E o poço é fundo! Onde irias buscar essa água viva? 12Serás maior que o nosso antepassado Jacob? Como poderás oferecer água melhor do que esta, que ele, os seus filhos e o seu gado beberam?” 13Jesus respondeu: “As pessoas que bebem desta água depressa ficam outra vez com sede. 14Mas a água que eu lhes der torna-se uma fonte sem fim dentro delas, dando-lhes vida eterna.” 15“Senhor, dá-me dessa água, para não sentir mais sede e não ter de vir aqui tirar água!” 16“Vai chamar o teu marido”, disse-lhe Jesus. 17-18“Não tenho marido!” respondeu-lhe. “É verdade, não tens marido. Porque tiveste cinco maridos e nem sequer estás casada com o homem com quem vives agora.” 19“Senhor, deves ser profeta!”, exclamou ela. 20“Mas diz-me: porque é que vocês, judeus, teimam que Jerusalém é o único sítio de adoração? Para nós, samaritanos, esse sítio é aqui no monte Gerizim, onde os nossos antepassados adoravam.” 21Jesus esclareceu-a: “Acredita em mim, mulher. Vem o momento em que já não teremos de nos preocupar se o Pai deve ser adorado aqui ou em Jerusalém. 22Vocês adoram o que desconhecem, ao passo que nós conhecemos, pois é através dos judeus que a salvação vem ao mundo. 23Mas chega a hora, e é agora mesmo, em que os que verdadeiramente o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade. É assim que o Pai quer que o adoremos. 24Deus é espírito e os que o adoram devem adorá-lo em espírito e em verdade!” 25A mulher disse: “Eu sei que há de vir o Messias, chamado Cristo, e que quando vier nos explicará tudo.” 26Então Jesus disse-lhe: “Sou eu o Cristo!” 27Nesse momento chegaram os discípulos, que ficaram espantados por encontrá-lo a falar com aquela mulher; mas ninguém lhe perguntou porquê. 28A mulher deixou o balde junto ao poço. E voltando para a aldeia disse a toda a gente: 29“Venham ver um homem que me disse tudo o que eu fiz! Não será ele o Cristo?” 30Então o povo veio a correr da localidade para o ver. 31Entretanto, os discípulos insistiam com Jesus para que comesse. 32“Não!” disse-lhes. “Eu tenho um alimento que vocês não conhecem.” 33E os discípulos puseram-se a perguntar uns aos outros quem lhe teria trazido comida. 34Jesus explicou: “O meu alimento é fazer a vontade de Deus, que me enviou, e terminar a sua obra. 35Pensam, porventura, que a ceifa só começará quando o verão acabar daqui a quatro meses? Olhem à vossa volta! Em torno de nós amadurecem vastos campos, já prontos para a ceifa. 36Os ceifeiros recebem o seu salário e o fruto que colhem são pessoas trazidas para a vida eterna. E que alegria, tanto daquele que semeia como daquele que colhe! 37Pois é bem verdade que um semeia o que outro irá colher. 38Mandei-vos colher onde não semearam; outros tiveram o trabalho e vocês receberam a colheita.” 39Muitos dos habitantes daquela terra samaritana creram em Jesus, levados por aquilo que a mulher afirmara: “Disse-me tudo o que fiz!” 40Os que foram vê-lo junto ao poço pediram-lhe que ficasse na sua aldeia. E Jesus assim fez durante dois dias. 41O suficiente para que muitos outros cressem depois de o ouvirem. 42Então disseram à mulher: “Agora acreditamos porque nós próprios o ouvimos e não apenas pelo que nos contaste. É, de facto, o Salvador do mundo!”



Vida através do Filho de Deus

16Os judeus começaram a fazer uma campanha contra Jesus, dizendo que transgredia a lei de descanso no dia de sábado. 17Mas Jesus respondeu: “Meu Pai trabalha até agora e eu trabalho também.” 18Por causa disto, os judeus sentiam ainda maior desejo de o matar, pois além de desobedecer à suas leis acerca do sábado, chamara a Deus seu Pai, pondo-se assim em igualdade com Deus. 19Jesus acrescentou, em resposta: “É realmente como vos digo: o Filho nada pode fazer por si só. Faz unicamente o que vê o Pai fazer e do mesmo modo. 20Pois o Pai ama o Filho e diz-lhe tudo o que faz. E o Filho realizará obras maiores do que a cura deste homem, de forma que hão de ficar maravilhados. 21Tal como o Pai ressuscita os mortos e os vivifica, assim também o Filho dará a vida a quem entender. 22-23E o Pai confia todo o julgamento ao Filho, para que todos honrem o Filho, assim como honram o Pai. Mas se não quiserem honrar o Filho de Deus, que ele vos enviou, certamente não estarão a honrar o Pai. 24É realmente como vos digo: quem ouve a minha mensagem e crê em Deus, que me enviou, tem a vida eterna e não será condenado pelos seus pecados, antes passou já da morte para a vida. 25É realmente como vos digo: vem o momento, e já chegou, em que os mortos ouvirão a minha voz, a voz do Filho de Deus; e os que a escutarem viverão. 26O Pai tem vida em si mesmo e do mesmo modo concedeu ao Filho que também ele tenha vida em si mesmo. 27E deu-lhe autoridade para julgar toda a humanidade, por ser o Filho do Homem. 28Não se admirem! Vem até o momento em que todos os mortos ouvirão nas suas sepulturas a voz do Filho de Deus. 29E levantar-se-ão de novo; os que praticaram o bem, para a vida eterna, e os que continuaram no mal, para o julgamento. 30Mas eu não pronuncio sentença sem falar com o Pai. Julgo segundo ele me manda. E o meu julgamento é justo, pois está de acordo com a vontade de Deus, que me enviou, e não é só meu.



Jesus, o pão da vida

25Quando chegaram e o encontraram, disseram: “Mestre, quando chegaste aqui?” 26Jesus retorquiu: “É realmente como vos digo: vieram ter comigo não porque viram sinais, mas porque vos alimentei e ficaram satisfeitos. 27Mas não se devem preocupar tanto com coisas que se acabam, tal como o alimento. Trabalhem antes pelo alimento que dura para a vida eterna, que o Filho do Homem vos há de dar, pois disso mesmo o Pai o encarregou.” 28Perguntaram-lhe então: “Que devemos fazer para obedecer à vontade de Deus?” 29“A vontade de Deus é que creiam naquele que ele enviou.” 30Eles responderam: “Que sinal fazes para que creiamos em ti? 31Os nossos pais comeram do maná, no deserto, como dizem as Escrituras: ‘deu-lhes pão do céu, para se alimentarem.’ ” 32Jesus disse: “É realmente como vos digo: não foi Moisés quem lho deu, mas meu Pai. Mas agora ele oferece-vos o verdadeiro pão do céu. 33O pão verdadeiro é aquele que foi enviado do céu por Deus e que dá a vida ao mundo.” 34“Senhor, dá-nos sempre desse pão!” 35“Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá fome. Quem crê em mim nunca terá sede. 36O pior, como vos disse, é não acreditarem, mesmo depois de me terem visto. 37Mas alguns virão ter comigo, aqueles que o Pai me deu, e a esses jamais mandarei embora. 38Eu vim do céu para fazer a vontade de Deus, que me enviou, e não a minha. 39E a vontade de Deus é esta: que eu não perca nem um só daqueles que ele me deu, antes os faça viver de novo para a vida eterna, no último dia. 40Porque a vontade de meu Pai é que todo aquele que vê o Filho, e nele crê, tenha a vida eterna, para que lhe torne a dar vida no último dia.” 41Então os judeus começaram a murmurar contra ele por dizer que era o pão do céu. 42“O quê?”, interrogavam-se. “Ele não é outro senão Jesus, filho de José, cujo pai e a mãe conhecemos. Que é isto que diz agora, que veio do céu?” 43Mas Jesus respondeu: “Não murmurem por eu ter dito isto. 44Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, o não atrair a mim, e no último dia os trarei a todos de novo para a vida. 45Como dizem as Escrituras, ‘Todos eles serão ensinados por Deus.’ Aqueles que escutam o Pai e que dele aprendem serão atraídos para mim. 46Aliás, ninguém realmente vê o Pai; só eu o vi. 47É realmente como vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna! 48Eu sou o pão da vida! 49Os vossos antepassados, no deserto, comeram o maná e morreram. 50Mas aqui está o pão que veio do céu e que dá a vida a todo aquele que o come. 51Eu sou o pão da vida que veio do céu. Quem comer deste pão viverá para sempre. A minha carne é esse pão que darei para dar vida à humanidade.” 52Então os judeus começaram a discutir entre si acerca do que queriam dizer as suas palavras. “Como nos pode este homem dar a sua carne a comer?” 53E Jesus repetiu: “É realmente como vos digo: a não ser que comam a carne do Filho do Homem e bebam o seu sangue, não têm vida em vocês mesmos. 54Mas quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia. 55Porque a minha carne é o alimento verdadeiro e o meu sangue é a bebida verdadeira. 56Quem come a minha carne e bebe o meu sangue está em mim e eu nele. 57Assim como eu vivo pelo Pai, que me enviou e vive eternamente, do mesmo modo, aqueles que se alimentam de mim por mim viverão. 58Eu sou o pão vindo do céu; todo aquele que comer deste pão viverá para sempre e não morrerá. Não é o caso dos vossos antepassados que comeram o maná e morreram.” 59Estas coisas ele disse enquanto ensinava na sinagoga em Cafarnaum.



A validade do testemunho de Jesus

12Numa outra ocasião, Jesus disse ao povo: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.” 13Os fariseus exclamaram: “Falas de ti próprio, por isso, o teu testemunho não tem valor!” 14Jesus disse-lhes: “O que afirmo acerca de mim mesmo é verdadeiro, embora seja eu a dizê-lo, pois sei donde vim e para onde vou, e isso não sabem vocês acerca de mim. 15Julgam-me, mas de uma forma humana. Contudo, eu não julgo ninguém. 16Mesmo que eu julgue, o meu julgamento é justo, pois tenho comigo o Pai que me enviou. 17Na vossa Lei está escrito que, se dois homens concordarem um com o outro acerca de qualquer coisa, o seu testemunho é aceite como verdadeiro. 18Pois bem: Eu sou uma testemunha e a outra é o meu Pai que me enviou!” 19“Onde está o teu Pai?”, perguntaram. Jesus respondeu: “Não sabem quem sou, portanto, não conhecem o meu Pai. Se me conhecessem, conhecê-lo-iam também a ele.” 20Jesus disse estas coisas no local do templo onde eram recolhidas as ofertas. Ninguém o prendeu, porque não tinha chegado a sua hora. 21Disse-lhes outra vez: “Vou-me embora. Procurar-me-ão e morrerão nos vossos pecados. Para onde eu vou não podem vocês ir.” 22Os judeus perguntaram: “Acaso pensa em matar-se? Que quer dizer com aquilo, ‘para onde vou não podem vocês ir?’ ” 23Ele disse-lhes: “Vocês são cá de baixo e eu sou de cima. Vocês são do mundo e eu não. 24Por isso, é que disse que haveriam de morrer nos vossos pecados; porque, se não crerem que eu sou quem sou, morrerão nos vossos pecados.” 25“Declara-nos quem és”, insistiram. Jesus respondeu: “Eu sou aquele que sempre disse que era. 26Poderia condenar-vos por muitas coisas; mas eu digo aquilo que me transmite aquele que me enviou; e ele é a verdade.” 27No entanto, continuavam sem perceber que era de Deus, o Pai, que lhes falava. 28Então Jesus disse: “Quando tiverem levantado na cruz o Filho do Homem, compreenderão quem eu sou e que não tenho estado a dar-vos as minhas próprias ideias; antes transmiti-vos o que o Pai me ensinou. 29E aquele que me enviou está comigo; não me abandonou, pois faço sempre o que lhe agrada.”



Jesus cura um cego de nascença

1Enquanto Jesus caminhava, viu um homem que era cego de nascença. 2“Mestre”, perguntaram-lhe os discípulos, “porque foi que este homem nasceu cego? Por causa dos seus pecados ou por causa dos pecados de seus pais?” 3“Nem uma coisa nem outra”, disse Jesus, “mas para nele se mostrar o poder de Deus. 4Temos todos de fazer as obras daquele que me enviou, enquanto é dia. A noite desce e todo o trabalho cessa. 5Enquanto estiver aqui neste mundo, sou a luz do mundo!” 6Então, cuspiu no chão e, fazendo lama com saliva, espalhou-a sobre os olhos do cego. 7E disse-lhe: “Vai lavar-te ao tanque de Siloé!” (Siloé significa “enviado”.) O homem assim fez e depois de se lavar voltou, vendo. 8Os vizinhos e outros que o tinham conhecido ainda cego perguntavam: “Será o mesmo homem, o tal pedinte?” 9Uns diziam que sim e outros: “Não há dúvida de que se parece com ele!” O cego dizia: “Sou eu mesmo!” 10Então perguntaram-lhe como fora possível ter sido curado da cegueira. Que acontecera? 11E ele contou: “Um homem, a quem chamam Jesus, fez lama e aplicou-a nos meus olhos. Depois disse-me que fosse ao tanque de Siloé para me lavar. Assim fiz, e fiquei a ver!” 12“Onde está ele agora?”, perguntaram. “Não sei!”, foi a resposta.



O pastor e o rebanho

1“É realmente como vos digo: quem recusa entrar no estábulo pela porta e prefere esgueirar-se por cima do muro é certamente ladrão. 2Porque o pastor, esse entra pela porta. 3O guarda abre a porta, as ovelhas ouvem a sua voz e aproximam-se dele; ele chama as ovelhas pelo seu nome e leva-as para fora. 4Depois de as ajuntar, caminha à sua frente e elas seguem-no, porque reconhecem a sua voz. 5Se fosse um estranho, não o seguiriam; antes fugiriam dele, por não lhe conhecerem a voz.” 6Aqueles que ouviram esta parábola não compreenderam o que queria dizer. 7E assim Jesus explicou: “É realmente como vos digo: eu sou a porta das ovelhas. 8Todos os que vieram antes de mim eram ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os escutaram. 9Eu sou a porta. Quem entrar por mim salvar-se-á. E entrará, sairá e encontrará pastagens. 10O ladrão só quer roubar, matar e destruir. Mas eu vim para dar vida, e com abundância. 11Eu sou o bom pastor. O bom pastor sacrifica a vida pelas ovelhas. 12Quem é assalariado para guardar o rebanho foge quando vê vir um lobo. Ele abandona o rebanho, porque não lhe pertence e por não ser verdadeiramente o seu pastor. Assim o lobo salta sobre elas e espalha o rebanho. 13Tal homem foge, porque é contratado e não se preocupa realmente com as ovelhas. 14Eu sou o bom pastor e conheço as minhas ovelhas, e elas conhecem-me também, 15assim como o meu Pai me conhece e eu conheço o meu Pai. E sacrifico a minha vida pelas ovelhas. 16Tenho ainda mais ovelhas que não estão neste curral. Preciso de as agregar também, e ouvirão a minha voz; e haverá um só rebanho e um só pastor. 17O Pai ama-me porque dou a minha vida para poder tornar a recebê-la. 18Ninguém me pode matar sem o meu consentimento. É de livre vontade que dou a vida. Porque tenho o direito e o poder de a sacrificar, quando quiser, e também o direito e o poder de a tornar a receber. Porque esse direito foi o Pai quem mo deu.” 19Quando disse estas coisas, os judeus ficaram novamente divididos nas suas opiniões acerca dele. 20Alguns comentavam: “Ou tem demónio ou está doido. Para que serve dar-lhe ouvidos?” 21Outros, porém, diziam: “Estas palavras não são de um homem dominado pelo demónio. Poderá um demónio abrir os olhos aos cegos?”



Jesus prediz a sua morte

20Alguns dos gregos que tinham ido a Jerusalém para adorar Deus na Páscoa 21vieram ter com Filipe, que era de Betsaida da Galileia, e pediram: “Nós queríamos conhecer Jesus!” 22Filipe falou neste pedido a André e foram juntos ter com Jesus. 23Jesus esclareceu que chegara a hora de voltar para a sua glória no céu e acrescentou: 24“É realmente como vos digo: se um grão de trigo, ao cair na terra, não morrer, ficará apenas uma semente isolada. Mas se morrer, produzirá muitos grãos. 25Quem amar a sua vida perdê-la-á. E quem desprezar a sua vida neste mundo guardá-la-á para a vida eterna. 26Se alguém quer ser meu discípulo, que venha e me siga, pois os meus servos deverão estar onde eu estiver. E se me seguirem, o Pai os honrará. 27Agora a minha alma está perturbada. Deverei eu orar para que o Pai me livre desta hora? Mas se foi para isso mesmo que vim! 28Pai, traz honra ao teu nome!” E ouviu-se uma voz vinda do céu que disse: “Já o honrei, e glorificá-lo-ei outra vez.” 29Quando a multidão ouviu a voz, alguns julgaram que fosse um trovão, enquanto que outros afirmavam que um anjo lhe tinha falado. 30Jesus explicou-lhes: “A voz que ouviram foi para o vosso bem e não para o meu. 31Chegou a hora do mundo ser julgado; a hora também em que o soberano deste mundo será expulso. 32E quando eu for erguido da Terra atrairei todos a mim.” 33Disse isto indicando a maneira como iria morrer. 34A multidão perguntou: “A Lei ensina-nos que o Cristo vive para sempre. Porque dizes que o Filho do Homem deverá ser levantado? De quem falas tu?” 35Jesus respondeu: “A minha luz brilhará para vocês mais algum tempo. Caminhem enquanto têm a luz, para que as trevas não vos apanhem; quem anda nas trevas não sabe para onde vai. 36Acreditem na luz, enquanto ainda há tempo e então tornar-se-ão filhos da luz.” Depois de dizer estas coisas, Jesus retirou-se e ocultou-se deles.



Jesus prediz que Pedro o vai negar

31Logo depois, Jesus disse: “Chegou a hora da glória do Filho do Homem e Deus receberá glória por ele. 32E se a glória de Deus é manifestada pelo seu Filho, Deus glorificá-lo-á em si próprio e glorificá-lo-á em breve. 33Meus queridos filhos, vou estar convosco por pouco tempo mais! E então, apesar de me procurarem, para onde eu vou não podem vocês ir, tal como disse aos judeus. 34Assim, dou-vos agora um novo mandamento: que se amem uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim devem amar-se uns aos outros. 35O vosso amor uns pelos outros provará ao mundo que são meus discípulos.”



Jesus conforta os discípulos

1“Que o vosso coração não se aflija. Creem em Deus, creiam também em mim. 2Há muitas moradas onde vive o meu Pai e vou aprontá-las para a vossa chegada. 3Quando tudo estiver pronto, então virei para vos levar, para que possam estar sempre comigo onde eu estiver. Se assim não fosse, eu próprio vos teria dito claramente. 4Aliás, vocês sabem para onde vou e como se vai para lá.” 5“Não, não sabemos!”, interrompeu Tomé. “Se não fazemos a menor ideia para onde vais, como podemos conhecer o caminho?” 6Jesus disse-lhe: “Sou eu o caminho. Sim, e a verdade e a vida. Ninguém pode chegar ao Pai sem ser através de mim. 7Se tivessem sabido quem sou, então saberiam também quem é o meu Pai. A partir de agora, já o conhecem e o têm visto!” 8Filipe disse: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta.” 9Jesus respondeu: “Ainda não sabes quem eu sou, Filipe, mesmo depois de todo este tempo que passei convosco? Todo aquele que me viu, viu também o Pai. Então, porque me pedes para o veres? 10Não acreditas que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que digo não são minhas, mas vêm do meu Pai, que vive em mim. E é através de mim que ele realiza as suas obras. 11Creiam somente que estou no Pai e que o Pai está em mim. Ou então acreditem por causa das obras que me viram fazer. 12É realmente como vos digo: quem crer em mim fará as mesmas obras que eu, e maiores até, porque vou para junto do Pai. 13Podem pedir-lhe tudo, em meu nome, que eu o farei, pois isso contribuirá para a glória do Pai, por causa daquilo que eu, o Filho, farei por vocês. 14Se pedirem qualquer coisa em meu nome, eu o farei.

Jesus promete o Espírito Santo

15Se me amam, obedeçam-me. 16E eu pedirei ao Pai que vos envie outro Consolador e este nunca vos abandonará. 17Ele é o Espírito Santo, o Espírito que conduz a toda a verdade. O mundo não o pode receber, porque não o procura nem o reconhece. Mas vocês, sim, pois ele vive convosco e estará mesmo no vosso íntimo. 18Não, não vos abandonarei nem vos deixarei órfãos; antes virei até vós. 19Mais um pouco e terei saído do mundo, mas continuarei convosco. Pois tornarei a viver e vocês também. 20Quando eu voltar à vida, hão de saber que eu estou no meu Pai, e vocês em mim e eu em vocês. 21Aquele que tem os meus mandamentos e lhes obedece é aquele que me ama. E, por ele me amar, meu Pai o amará; e também eu o amarei e me revelarei a ele.” 22Judas (não o Judas Iscariotes) perguntou-lhe: “Senhor, porque é que te revelarás unicamente a nós e não a todo o mundo?” 23Jesus respondeu: “Só me revelarei àqueles que me amam e me obedecem. Também o Pai os amará e viremos para eles e com eles viveremos. 24Aquele que não me obedece não me ama. Esta resposta à vossa pergunta não é imaginação minha! É a resposta dada pelo Pai que me enviou. 25Digo-vos estas coisas enquanto estou ainda convosco. 26Mas o Pai mandará o conselheiro em meu nome, esse Consolador é o Espírito Santo, e ele vos ensinará todas as coisas e vos lembrará tudo o que eu próprio vos tenho dito. 27Deixo-vos a minha paz. E a paz que eu dou não é como aquela que o mundo dá. Por isso, não se aflijam nem tenham receio. 28Lembrem-se do que vos disse: Retiro-me, mas voltarei de novo para vocês. Se realmente me amam, sentir-se-ão felizes, pois agora posso ir para o Pai, que é maior do que eu. 29Disse-vos estas coisas antes de acontecerem para que, quando se realizarem, possam crer. 30Não tenho muito mais tempo para falar convosco, pois aproxima-se o chefe deste mundo. Ele não tem poder sobre mim. 31Mas o mundo deve saber que amo o Pai e que faço exatamente aquilo que o meu Pai me mandou fazer. Levantem-se! Vamos!”



A videira e os ramos

1“Eu sou a videira verdadeira e o meu Pai é o lavrador. 2Ele corta todos os ramos que não produzem fruto. E, aos que produzem, poda-os para que frutifiquem ainda mais. 3Ele já cuidou de vocês, podando-vos para que tenham mais vigor e utilidade, graças aos ensinamentos que vos dei. 4Tenham o cuidado de viver em mim e deixem-me viver em vocês. Porque um ramo não pode dar fruto quando separado da videira. Por isso, não poderão dar fruto afastados de mim. 5Sim, eu sou a videira e vocês são os ramos. Aquele que viver em mim e eu nele produzirá muito fruto. Pois sem mim nada podem fazer. 6Se alguém se separar de mim, será lançado fora por ser um ramo inútil; seca e é posto com todos os outros que serão depois queimados. 7Mas se continuarem em mim e obedecerem aos meus mandamentos, poderão pedir o que quiserem, que vos será concedido. 8Os meus verdadeiros discípulos produzem muito fruto, o que traz grande glória ao meu Pai. 9Amei-vos como o Pai me amou. Vivam no meu amor. 10Se guardarem os meus mandamentos estarão a viver no meu amor, assim como eu obedeço ao meu Pai e vivo no seu amor. 11Disse-vos isto para que possam encher-se da minha alegria. Sim, a vossa taça de alegria transbordará! 12Mando-vos que se amem uns aos outros como eu vos amei. 13E é esta a medida: o maior amor é mostrado quando alguém dá a vida pelos seus amigos. 14E vocês serão meus amigos se fizerem o que vos mando. 15Já não vos chamo criados, pois estes não acompanham o que faz o patrão. Vocês são meus amigos, e a prova disso é o facto de vos ter revelado tudo o que o Pai me disse. 16Não foram vocês que me escolheram, mas fui que vos escolhi e vos nomeei para irem e produzirem fruto, e fruto que perdure, para que o Pai vos dê tudo o que lhe pedirem em meu nome. 17É pois isto o que vos mando: que se amem uns aos outros!



Jesus fala com o Pai

1Depois de ter falado em todas estas coisas, Jesus levantou o olhar para o céu e disse: “Pai, chegou a hora. Revela a glória do teu Filho para que ele te possa dar também glória a ti. 2Porque lhe deste autoridade sobre cada ser humano em toda a terra. Ele dá a vida eterna a todo aquele que tu lhe confiaste. 3E a vida eterna significa conhecer-te a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo a quem enviaste ao mundo. 4Trouxe-te glória aqui na Terra fazendo o que me deste a fazer. 5E agora, Pai, dá-me a glória que eu tinha junto de ti, antes do mundo existir. 6Revelei-te a estes homens. Eles estavam no mundo, mas depois deste-mos. Foram sempre teus e tu deste-mos e têm obedecido à tua palavra. 7Agora sabem que tudo o que tenho provém de ti. 8Porque lhes transmiti as ordens que me deste; e eles aceitaram-nas e sabem de certeza que eu desci à Terra vindo de ti, e creem que me enviaste. 9Peço, não pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque te pertencem. 10E todos eles, uma vez que são meus, pertencem a ti também; e tu mos tornaste a dar com tudo o mais que é teu, e assim eles são a minha glória. 11Agora vou deixar o mundo e deixá-los também, para ir para junto de ti. Pai Santo, guarda sob o teu cuidado todos aqueles que me deste, para que permaneçam unidos, como nós estamos unidos. 12Durante o tempo que aqui estive, tenho conservado seguros em teu nome todos estes que me deste, guardando-os de modo que nenhum se perdeu, exceto aquele que tinha de perder-se, conforme predisseram as Escrituras. 13E agora vou para junto de ti. Disse-lhes muitas coisas, enquanto estive com eles, para que ficassem cheios da minha alegria. 14Dei-lhes a tua palavra. E o mundo quer-lhes mal, porque não se adaptam ao mundo, como eu também nele não tenho lugar. 15Não te peço que os tires do mundo, mas que os conserves a salvo do Maligno. 16Eles não são parte deste mundo, como também eu o não sou. 17Torna-os santos, ensinando-lhes as tuas palavras da verdade. 18Assim como me enviaste ao mundo, também eu os envio ao mundo. 19E em benefício deles eu me santifico, para que também eles sejam santificados na verdade. 20Não oro só por estes, mas também por todos os futuros crentes que venham a mim pelo testemunho que estes derem. 21E a minha oração por todos eles é que estejam unidos, como tu e eu o estamos, Pai. Para que, assim como estás em mim e eu em ti, também eles estejam em nós, para que o mundo acredite que tu me enviaste. 22Dei-lhes a glória que me deste, para que possam ser um, como nós o somos. 23Eu neles e tu em mim, e tudo perfeito num só, para que o mundo saiba que me enviaste e compreenda que os amas tanto como tu me amas a mim. 24Pai, quero tê-los comigo, aqueles que me deste, para que possam ver a minha glória. Essa glória que tu me deste, por me amares antes do princípio do mundo. 25Pai justo, o mundo não te conhece, mas eu conheço-te e estes discípulos sabem que me enviaste. 26Revelei-lhes o teu nome e continuarei a revelar-lho, para que o amor que tens por mim esteja neles e eu neles esteja também.”



A morte de Jesus

28Jesus sabia que estava já tudo acabado e, para cumprir as Escrituras, disse: “Tenho sede!” 29Encontrava-se ali pousado um recipiente com vinho azedo; mergulharam nele uma esponja e, colocando-a num hissopo, aproximaram-lha dos lábios. 30Depois de o ter provado, Jesus disse: “Está acabado!” E curvando a cabeça, entregou o espírito. 31Os anciãos não queriam que as vítimas continuassem ali penduradas no dia seguinte, que era sábado, mas um sábado especial, por ser o da Páscoa. Por isso, pediram a Pilatos que lhes mandasse partir as pernas e já poderiam ser apeados. 32Assim os soldados vieram e partiram as pernas dos dois que tinham sido crucificados com Jesus. 33Mas quando se aproximaram dele, viram que já estava morto e não lhas quebraram. 34Mesmo assim, um dos soldados ainda lhe atravessou o lado com uma lança, saindo sangue e água da ferida. 35Eu próprio assisti a tudo isto e escrevi este relato exato, para que também vocês possam crer. 36Os soldados fizeram isto em cumprimento da passagem das Escrituras que diz: “Nem um dos seus ossos será quebrado.” 37E também: “Olharão para aquele a quem trespassaram.”



Jesus aparece aos discípulos

19Naquela noite, encontravam-se os discípulos reunidos à porta fechada, com medo dos judeus, quando Jesus surgiu no meio deles, saudando-os: “A paz seja convosco!” 20Depois de saudar os discípulos, mostrou-lhes as mãos e o lado. E qual não foi a alegria deles ao verem o Senhor! 21Ele tornou a falar-lhes: “A paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio!” 22E soprando sobre eles, acrescentou: “Recebam o Espírito Santo! 23Se perdoarem a alguém os seus pecados, perdoados ficam. Se se recusarem a perdoá-los, ficarão por perdoar.”